Sunday, December 21, 2008

2008

Mais que qualquer outro ano da minha vida, foi um ano em que chorei muito.

Foram varias as situações e diversas as razoes pelas quais me peguei chorando.

Chorei de dor, chorei de saudades, chorei de arrependimento, chorei porque magoei e porque fui magoado, chorei de desamor, por desamor, chorei com amor, por amor e também chorei por falta de amor.

Chorei o abandono, chorei quando ouvi “adeus” e quando disse também. Chorei quando percebi que nada era mais como antes, e chorei porque vi que já era tarde demais para voltar a ser. Chorei quando aprendi que o tempo não volta. Chorei quando acordei e desejei estar em um outro lugar...

Chorei porque me senti confuso e só.

Quando compreendi o sentido do “não querer mais que bem querer” e do “solitário andar por entre agente”, do “não contentar-se de contente” e ainda “cuidar que se ganha em se perder”... chorei mais.

Chorei quando percebi que cometi erros graves, que causei feridas que vão demorar anos para cicatrizar, mas também chorei porque fui ferido. Sem me justificar, chorei porque me senti um lixo quando, por varias vezes, me deparei com olhares marejados e urros de dor que iam contra a minha vontade e preferi dizer não ao altruísmo e sim a mim. Chorei ao entender o que a palavra “não” significa e que por traz dela ha muitas e varias implicações podendo ainda haver serias complicações.

Chorei porque menti, menti para pessoas que amo, mas chorei ainda mais quando percebi que menti para mim.

Chorei muito, mais que em qualquer outro ano da minha vida.

Engordei 17 kilos, perdi 11, depois 5. A gordura vai e os músculos vêem, depois eles vão e a gordura volta... e como dizem por aqui: “no pain no gain”, já não sou mais o mesmo.

Parei de fumar, não uso mais drogas.

Melhorei o inglês, troquei de trabalhos, fiz novos amigos, grandes amigos.

Amei e fui amado.

Cultivei novos amores e me poupei de desafetos.

Ganhei mais um sobrinho.

Me aproximei mais da minha família, dos que me amam, dos que estão sempre la quando preciso e para os quais quero estar sempre la também.

Não sou mais grosseiro com os atendentes de fast food – bem, ainda é um esforço mas dou meu melhor.

Ao contrário do que era obvio para muitos, esse ano serviu para fortalecer ainda mais a certeza de que tenho direito as minhas verdades e que posso sim fazê-las valerem para mim e no meu mundo. E que todos somos assim, mas que sou destacado, vezes de forma negativa e raríssimas vezes compreendido simples e puramente porque compreendo e não permito que o fato de acreditar nas minhas próprias verdades se torne um problema para mim. Não tenho problemas com as minhas verdades e valores, se alguém tem que se trate então.

Ainda assim já consigo ouvir mais do que falo. E compreendo que há momentos em que é preciso me calar e deixar que as verdades dos outros prevaleçam. Permitir que eles acreditem não que concordo, mas que estou ouvindo e que tenho um enorme respeito por seus valores, por suas verdades, pelo seu universo. E assim entro no universo deles... “Edificando nas crenças comuns.” (AR)

A duras penas, compreendi que “não” e “sim” podem significar a mesma coisa e que nunca vou ter certeza do que significam a menos que continue olhando nos olhos das pessoas e ouvindo o coração delas invés das cordas vocais. Me perdi ao longo da jornada porque, ao contrario do que possa parecer, sou humano, mas catei minhas vergonhas e segui marchando para a batalha seguinte.

Não sou socialmente desajustado, simplesmente não cultivei os mesmos laços com essa sociedade que as demais pessoas cultivaram. Atenho-me ao extremamente necessário porque essencialmente quero sim continuar sendo eu, Alex. Não posso ser considerado 100% insano porque ainda compreendo o limite da realidade coletiva e da minha realidade. Você também é assim, a diferença é que a sua realidade é igual a coletiva e a minha não e eu ainda consigo viver em ambas.

Quis gritar, senti vontade de socar alguém, quis matar, desejei morrer.

Percebi que também carrego todas as misérias humanas dentro de mim, mas também entendi que o que faz a grande diferença é se prefiro continuar miserável ou seguir o meu caminho. Sem falsa modéstia ou orgulho demasiado, mas Alex em essência.

Vou continuar acertando e errando muito, não tenho certeza do meu futuro... só conjecturo as coisas daqui para frente. Mas vislumbro coisas lindas para logo mais, com uns tropeções aqui e ali, mas ainda muito feliz porque agora, as janelas da maturidade estão abertas e eu estou indo la fora ver o que é que essa nova etapa tem a  me oferecer.

“Amadurecer indubitavelmente é um dos grandes e dolorosos desafios da vida. É o momento em que somos provados, esfacelados pelas perdas do percurso e remontados como uma colcha de retalhos – pedaços de erros e acertos, derrotas ou vitórias – mas que no final constituem o referencial que nos tornam únicos. Saiba que: I will hold the balance if you can't look down; não importa o que acontecer. Conte comigo!” (LFCL)

Os laços com a adolescência deviam ter se desatado a muito, mas em virtude da precocidade de pensamento e excessos causados por raciocínios lógicos misturados com a mente de um adolescente presos em um corpo adulto, pareci idiota e tolo, e fiz escolhas que me expuseram ao ridículo, me arrependi e sofri, fui inconstante e inconseqüente. Mas não sou uma coisa ou outra, eu vivo “estados” sou um ser relativo, como a verdade e a realidade dos fatos. Quem sou depende única e exclusivamente dos olhos de quem me enxerga.

E quer saber!?!

Sou lindo, tenho um sorriso lindo e uma mente espetacular. Sou um grande amante, melhor transa pra uns ou bom beijo pra outros, mas mais que sexo e prazer sou mais coração melhor, mais “cérebro emotivo”(LFCL) e pouquíssimo guiado pela razão.

Continuo gostando de ser quem sou. Fui a guerra e voltei, voltei vivo e isso já é ser vitorioso o suficiente. Quanto as batalhas que perdi... bem...

“Às vezes, quando agente ganha agente perde.
Às vezes, quando agente perde agente ganha. E às vezes, é preciso acreditar que se perdeu ou que perdeu-se-a-si pra ganhar ou encontrar-se. Vai entender a vida...”  
 

A.P.A.R. em Memórias de um Amigo Meu  
(Not published yet - all rights reserved)  

Atualmente acompanhado por 
Stephen King – Rose Madder  
and doing very well,
Alex Skyline.   

Momento Post Scriptum:    

“Todos se referindo a ciclos se fechando... Todo mundo mudando, mas não via as coisas acontecendo do mesmo. Talvez porque não houvesse ciclos para serem selados. Foi ai que percebi, acho mesmo que vivia a vida em espiral invés de ciclos. Sempre relativamente próximo ao que estava antes, mas em uma trilha paralela e com destino diferente... sempre conhecido: rumo ao desconhecido.”   

A.P.A.R. em Memórias de um Amigo Meu  
(Not published yet - all rights reserved)

1 comment:

  1. Aprecio o modo como você escreve, é essencial, presente e inteiramente desnudo. Concordo que 2008 - para mim também - é/foi um ano em espiral onde os rumos ao desconhecido estavam em cada saída (e algumas vezes em becos que pareciam sem saídas) e onde a des-construção e re-construção calcadas em erros ou acertos deram sentido ao “no pain no gain”, edificando as barreiras/ fortificações necessárias aos desafios de 2009.
    Sua honestidade é limpa (poupe dos atendentes de fast food), sua amizade rara, e sua personalidade admirável (forte), apenas um conselho execre Nietzsche do rol de suas referências, apesar de morto, ele é muito danoso e influenciador. Permita que seus instintos o guiem por tropeços, estradas tortuosas e escolhas improváveis, nesses momentos tenho a clareza que seu “cérebro emotivo” mostrará o caminho da vitória, não importa as batalhas.
    A vida é um mutante – não no sentido X-Men – tem vários tentáculos e tentações e a plenitude e felicidade (alardeada por muitos) são apenas instantes, momentos raros, mas válidos. Uma lição tenho tirado de todas as dores pela quais passei, “viver nem sempre é bom, nem sempre é fácil” e por mais que isso seja clichê de revista de signo, se conhecermos e temos pessoas com quem podemos contar, sempre vale a pena !
    Que venha 2009 ! Abração.

    ReplyDelete